Jubileu Mariano 2025 em Roma
Uma peregrinação de fé, inclusão e transformação espiritual

Entre os dias 8 e 13 de outubro de 2025, vivi uma das experiências mais marcantes da minha vida: a peregrinação ao Jubileu Mariano em Roma.

Partimos de Lisboa rumo à Cidade Eterna — éramos cerca de 60 peregrinos, unidos pelo mesmo desejo de fé e esperança. Foram seis dias intensos, cheios de oração, partilha e reencontro com o que realmente importa: a fé, a esperança e o amor de Deus.

Antes mesmo de chegarmos a Roma, muitos de nós realizaram um grande sonho: voar de avião pela primeira vez. Para mim, foi um momento de emoção pura — lágrimas e sorrisos misturados. Senti que Deus me dava asas, não só para voar até outro país, mas para acreditar ainda mais na minha força e na beleza de sonhar.

Os primeiros passos da peregrinação

Ao chegar a Itália, seguimos para Valleluogo, onde ficámos duas noites com a comunidade dos Silenciosos Operários da Cruz. Visitámos o Centro de Reabilitação fundado pelo Beato Luigi Novarese e o Santuário da Madonna di Valleluogo, um lugar de profunda oração e serenidade.

Peregrinámos até ao local onde Nossa Senhora apareceu a uma menina surda-muda, um sinal da ternura e da presença de Deus junto dos mais frágeis. Celebrámos a Eucaristia e vivemos momentos de comunhão que tocaram o coração de todos.

Depois, seguimos para Roma, onde o espírito de união crescia a cada momento — entre orações, convívios e sorrisos. Em Sacrofano, participámos no Encontro Internacional do CVS – Centro Voluntários do Sofrimento. Passamos a Porta Santa e fizemos a Vigília em Santa Naria Maggiore, um momento de profunda emoção e renovação interior.

No penúltimo dia, celebrámos a Eucaristia em São Pedro e visitámos alguns dos lugares mais emblemáticos de Roma. Antes de regressar, tivemos ainda uma manhã livre para passear e trazer pequenas lembranças — símbolos de uma experiência inesquecível.

Uma peregrina de esperança

Ir a Roma sempre foi um sonho. Este sonho tornou-se ainda mais especial porque o vivi como peregrina com deficiência. Cada passo exigiu coragem, cada deslocação foi um desafio — mas também uma oportunidade para descobrir algo novo dentro de mim.

Percebi, mais do que nunca, que os limites do corpo nunca superam a força da alma. Quando caminhamos com fé, nada é impossível.

Durante esta peregrinação, senti-me acolhida numa Igreja viva, inclusiva e próxima, onde cada pessoa é valorizada, independentemente das suas limitações. Roma recebeu-me com ternura, e encontrei nos outros peregrinos o verdadeiro rosto de Cristo — um rosto de amor, compaixão e comunhão.

Momentos que tocaram a alma

Um dos momentos mais emocionantes foi a visita à casa do Beato Luigi Novarese, fundador dos Silenciosos Operários da Cruz e do CVS. Estar naquele lugar foi uma experiência profundamente espiritual — senti a presença de alguém que dedicou a vida ao serviço dos que sofrem, inspirando-nos a ver na dor um caminho de encontro com Deus.

Também me tocou profundamente estar tão perto do Papa Francisco, símbolo de fé, coragem e amor pelos mais frágeis. E com a chegada do Papa Leão XIV, senti uma nova brisa de esperança e renovação na Igreja — um olhar voltado para a inclusão, a escuta e o amor.

Roma, um lar espiritual

Roma é muito mais do que uma cidade — é um abraço espiritual. Caminhar pelas suas ruas, rezar nas basílicas e encontrar pessoas de todas as culturas unidas pela mesma fé foi como viver um pedaço do Céu na Terra.

Foi ali que percebi que a verdadeira Igreja é aquela que acolhe, escuta e ama sem medida. O Evangelho vive-se, sobretudo, na forma como cuidamos uns dos outros.

A caminhada continua

Regressar a casa não foi o fim da peregrinação — foi o início de uma nova etapa. Trago comigo uma fé renovada, uma esperança fortalecida e o desejo de continuar esta caminhada todos os dias:

Nos pequenos gestos de amor

Nas palavras de encorajamento

Na coragem de enfrentar os desafios com serenidade

Na confiança de que Deus está sempre connosco, mesmo nos momentos mais difíceis

Cada dia é uma nova oportunidade de viver o Evangelho com simplicidade, alegria e gratidão.

Gratidão!

Agradeço de coração a todos os voluntários e companheiros de peregrinação que nos acompanharam com tanto carinho, paciência e dedicação. O vosso apoio tornou esta experiência verdadeiramente transformadora.

Foram seis dias que jamais esquecerei — dias que tocaram o meu coração e me fizeram ver a vida com novos olhos: olhos de fé, inclusão e esperança.

“Os limites do corpo nunca superam a força da alma.”

Daniela Sá